sábado, 23 de junho de 2007

From Russia with Love (1963)

Na crista da boa bilheteria de Dr. No, seguiu-se From Russia with Love. Na produção de 1963, bem mais burilada, a SPECTRE pretende, com um plano genial, a um só tempo vingar a morte de seu agente número 5, Dr. No, eliminando seu assassino James Bond, e roubar o decodificador Lektor aos soviéticos. Para isso, engana e utiliza como isca uma linda militar russa, incumbindo-a de seduzir Bond com a promessa de entregar-lhe o aparelhe e... algo mais.

A trama é bem diferente da estória de Fleming, que atribui à SMERSH - temido serviço de contra-espionagem da URSS - o papel de adversário no jogo entre os serviços de espionagem. Não se fala em Dr. No - que na verdade seria o livro seguinte -, nem na SPECTRE. Também é mais generosa nas explosões e lutas. Os produtores começam aqui a refinar o estilo que iria marcar toda a série: hotéis luxuosos - ao contrário da espelunca em que Bond se hospeda, no livro -, ternos que pouco se amassam e o Rolex companheiro, sempre indestrutível.





Atração à parte, destaca-se o formidável elenco reunido. Como Bond-girl, a ex-miss Roma e concorrente a Miss Mundo, Daniela Bianchi. A italiana tinha à época 21 anos e um carregava um forte sotaque - suas falas acabariam sendo dubladas pela atriz Barbara Jefford. Mas quem liga? O papel de vilão lunático foi confiado e caiu como uma luva no inglês Robert Shaw, dono de um corpo hercúleo. Shaw faleceria precocemente de colapso cardíaco, em 1978, aos 51 anos, sem tempo de usufruir o estrondoso sucesso de "Jaws" (Tubarão). Finalmente, o mexicano Pedro Armendáriz, que deu leveza e solidez ao personagem de Ali Kerim Bey - chefe da espionagem britânica na Turquia. A vida pareceu imitar a arte. Assim como seu personagem, o ator teve morte trágica. Descobriu sofrer de câncer durante as filmagens. Conseguiu antecipar o cronograma de gravação de suas cenas - garantindo à família o pagamento do salário. Depois, já hospitalizado, suicidou-se com uma arma de fogo.











Há muita beleza nos grandes olhos azuis e na expressão felina, que o rosto afilado assume. Mas isso, por alguma razão, não contribuiu para uma futura carreira. Após alguns filmes menores - inclusive um em que faz uma paródia de Romanova - Daniela Bianchi repetiu a sina de boa parte das Bond-girls e abandonou o cinema. Anos depois, casou-se com um magnata, com quem teve um filho. Seu perfil completo pode ser visto no Internet Movie Data Base.











O relógio em perspectiva. No piquenique, com Sylvia Trench (Eunice Gayson), que aparecera no filme anterior, Dr. No, na antológica primeira cena do agente: "- I admire your luck, Mr...?" "- Bond, James Bond":





Muito bem acompanhado, no leito de um vagão do trem, cortando a sinuosa paisagem do leste Europeu:




No Consulado da URSS, em Istambul. Aguardando impacientemente a explosão de uma bomba. "Os relógios russos são sempre precisos", replica sem disfarçar a irritação um funcionário consular.




Não há dúvida quanto a tratar-se de um Rolex Oyster Perpetual Submariner. Mas há acesa controvérsia quanto ao modelo. São mencionados os números de referência: 6200, 6538, 6538A, 5508, 5510. Nenhum relato parece conclusivo. Ventila-se também que várias versões teriam sido usadas simultaneamente, ao longo dos vários filmes da série estrelados por Connery. A despeito das diferenças técnicas - inclusive de movimento, tamanho de caixa -, os mostradores dos relógios são sempre desprovidos de calendário. A pulseira, em From Russia, parece ser feita de alguma espécie de couro - talvez de crocodilo.

Não vou meter a colher em assunto tão delicado. Limito-me a algumas fotos de modelos semelhantes:















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